26/02/2009

Tempestade


Capitulo XI
Durante a madrugada, a chuva caía pesada, o céu parecia chorar por ele. Rodrigo fixava o olhar em um ponto qualquer no teto da cabana, e assim como a água que limpava tudo lá fora, sentia a necessidade de expulsar de seu coração o misto de raiva e desejo que o consumia. Por que ele fora demonstrar o que sentia por Yana? Por que não percebeu que ao se calar perante a mãe ela rejeitara seu amor? Para que se expor daquele jeito se ela pertencia a um mundo tão diferente? Instintivamente, segurou seu amuleto. Uma onda de fúria fez com que arrancasse o cordão do pescoço, como se isso fosse capaz de tirá-la de seu pensamento. Deveria ir para longe, voltar para o navio, só assim estaria a salvo das armadilhas do amor. Sem pensar, levantou-se e saiu da cabana. Precisava lavar sua alma, e deixou a chuva forte cair sobre si, maltratando sua pele. Ergueu o rosto para o céu e deu um grito desesperado, como se pedisse auxílio às forças do universo para arrancá-la de dentro do seu peito:


- Dios!!!!


Yana abriu os olhos de repente. Havia sido difícil adormecer, e no momento em que se entregara ao sono, aquele aperto em seu peito a ergueu da cama. Seu coração a avisava de que algo estava errado, e ela só pensava em Rodrigo. Tinha que encontrá-lo para ter certeza de que nenhum mal o havia atingido. Desesperada, pegou sua faca e nem percebeu a chuva. Saiu correndo em direção à cabana onde ele estava. Era quase impossível enxergar o caminho, mas foi guiada pela intuição e pelos clarões que surgiam seguidamente no céu. Os trovões eram ensurdecedores, no entanto ela estava alheia aos avisos da natureza. Descalça, nem sentia as pedras machucando seus pés, pois só o que importava naquele momento era chegar até ele.
Nunca a ponte de madeira lhe parecera tão longa... Subitamente parou, estarrecida com o que viu: alguém estava à sua frente, fincado ao chão como uma rocha em meio ao lamaçal, ajoelhado e cabisbaixo. Era Rodrigo. Em meio à luz emitida por um raio que rasgara o céu, ele levantou a cabeça e a observou com um olhar lascivo. O corpo de Yana estava totalmente à mostra sob a fina veste molhada. A água da chuva deslizava pelas curvas sinuosas e tentadoras e ele passou a língua pelos lábios, desejando sorver cada uma daquelas gotas.
Ele se ergueu, e com um passo pôs-se à frente dela. Sobressaltada, ela largou no chão a faca que trazia consigo. Nada foi dito; a linguagem corporal falava por si só. Ele a prendeu em seus braços, apossando-se da sua boca com voracidade, até que o ar lhe faltasse. Suas mãos ávidas deslizaram pelas costas dela, e ao chegar aos quadris, abriu suas pernas, encaixando-a no fogo da sua descontrolada paixão. Buscando no fundo de sua mente algum resquício de lucidez, afastou-se dela lentamente, e viu o medo e o desejo estampados em seu rosto. Lançando-lhe um olhar endurecido, apossou-se de seus seios com mãos fortes, e rasgando o tecido, colou os lábios na pele macia e molhada. Aos poucos foi descendo, sua boca insaciável explorava cada parte da barriga, e ela gemia e se contorcia de prazer, até que ele chegou no ponto onde ela estava mais inflamada pelo desejo. Ele a levou a uma outra dimensão, e ela explodiu em um prazer incontrolável,
desconhecido,
inesquecível...
Por alguns momentos, ele conseguiu banir a raiva que o levou a agir daquela forma. Seu corpo nunca respondeu com tanta intensidade ao proporcionar prazer a uma mulher. A mistura de inocência e desejo primitivo em Yana era irresistível, e ele precisava possuir aquele corpo quente... Mas não poderia fraquejar agora, pois ela o excluíra de sua vida perante toda a aldeia. E não iria ser rejeitado duas vezes por uma índia.

Yana voltou à realidade, inebriada pelas emoções, e assustou-se com o sorriso de desdém que bailava nos lábios do homem que a subjugara através do prazer. Ela ainda segurava os cabelos de Rodrigo com força, quando finalmente ele se levantou. Fitando-o, maravilhada pelo que sentira, assustou-se ao deparar-se com outro homem. Alguém que ela não conhecia a tocara de forma voraz. E ela foi a única culpada por aquela mudança, com a sua omissão.
Deliciando-se ao vê-la tão submissa, Rodrigo fez um movimento brusco, afastando a mão dela de seus cabelos, e falou com uma voz cortante e fria como a chuva que caía.
-Você gostou do que eu te fiz sentir?
Entristecida, Yana tentava penetrar na redoma em que ele se escondera.
-Sim... Até ver em seus olhos que o Rodrigo que eu amo não estava aqui.
-O Rodrigo que você ama? Mas que tipo de amor é esse que rejeita e faz sofrer?
-Eu não te rejeitei, por favor, acredite em mim... Apenas compreendi que nossas vidas seguirão por caminhos diferentes. Você voltará para o seu povo e eu ficarei aqui, cumprindo a função para a qual fui criada.
Vagarosamente, Rodrigo abriu um sorriso de escárnio e bateu as mãos com firmeza, para aplaudir o que acabara de ouvir.
-Muito bem dito, princesa! Agora está falando como uma verdadeira sacerdotisa! Você acaba de decidir a minha vida sem ao menos saber o que desejo... E como sempre, está honrando seus costumes e esquecendo seu coração.
-Não posso ouvir meu coração!
-Mas você não ouviu seu coração ainda há pouco? Pois eu o ouvi clamar por mim. E quem estava aqui não era a sacerdotisa, mas a mulher que eu queria para ficar comigo para sempre.
-Você não entende que eu não posso abandonar tudo em que acreditei durante a minha vida?
Rodrigo a encarou pensativo, e viu que essa batalha estava perdida.
-Pois volte para sua aldeia e diga à Caia que participarei do ritual com a mulher que ela indicar. Quero ir embora daqui e esquecer este lugar o quanto antes.
Incrédula, Yana arregalou os olhos diante da mudança de atitude.
-Por que mudou de idéia?
Rodrigo aproximou-se mais, e emoldurando-lhe o rosto com as mãos, beijou-lhe seguida e avidamente, enquanto sussurrava:
-Vou aproveitar... princesa... para terminar com outra... o que comecei a fazer com você.
Zonza e com as pernas trêmulas pela embriaguez dos beijos e crueldade das palavras, juntou as mãos no peito de Rodrigo, afastando-o de si.
-Chega! O ritual não é fonte de prazer para nós, capitão!
-Mas para mim será. E não pense que o que se passou aqui teve alguma importância. Você surgiu do nada na minha frente e percebi que queria sentir prazer. Foi isso o que lhe dei. Algo para se lembrar enquanto viver.
Fuzilando Rodrigo com o olhar, Yana segurou as lágrimas.
-Agora que eu sei quem se esconde por trás do homem que pensei conhecer, arrependo-me de ter vindo até aqui.
-Tarde demais para arrependimentos... E daqui pra frente apenas este homem passará a existir. Portanto, cuidado!
Dizendo isso, Rodrigo correu os olhos cheios de cobiça pelo corpo nu à sua frente e foi embora, deixando-a sozinha.

Até aquele momento, Yana não havia se dado conta de sua nudez. A maneira como ele olhou para o seu corpo fez aumentar sua ira frente à fraqueza que sentira em seus braços. Finalmente reconhecera o mal, e iria combatê-lo. Pegando a faca que estava no chão, saiu correndo na direção de Rodrigo.
-Capitão...! Volte aqui!
Rodrigo virou-se devagar e viu a fisionomia dela transtornada.
-Acho que já terminamos a nossa conversa... Ou ainda quer algo de mim? Não foi suficiente o que eu lhe dei?
-De você eu não quero mais nada, Rodrigo de León, e não tenho medo de suas ameaças. Tenha cuidado comigo também, pois você ainda não me conhece!
-Conheço você mais do que pensa...
Ferida e descontrolada, Yana partiu para cima dele que, surpreso, não conseguiu evitar o golpe que ela desferiu em seu peito com o pé, e desequilibrado, caiu. Ela pulou sobre ele rapidamente, sentando-se sobre seu tronco, prendendo-o entre suas pernas e pressionando seu pescoço com a ponta da faca. No chão, extasiado com a atitude da mulher, e sentindo seus cabelos molhados roçarem sua pele, percebeu a respiração quente e ofegante contrastando com a fria lâmina da faca que o ameaçava. A beleza, outrora suave, do rosto de Yana, dera lugar a algo selvagem, indomável e avassalador. Seus olhos o queimavam com a fúria do fogo. Naquele momento, ela era o próprio fogo. Rodrigo sentiu-se totalmente dominado pela guerreira.
Yana levantou o canto dos lábios e, falou, com um sorriso enigmático:
-Estava enganado. Agora sim você me conhece. E coloque de volta o amuleto em seu pescoço, pois você vai precisar dele. – E aproximando seu rosto sem afrouxar a pressão da faca, beijou-lhe a boca, abrindo os lábios de Rodrigo com o furor de sua língua. Quando ele relaxou e quis retribuir o beijo, ela lentamente afastou o rosto, levantando-se. Olhando-o do alto, vitoriosa, afirmou lentamente:
- De você, capitão, não quero mais nada...


Essa é uma degustação, se você gostou, adquira o livro "A Magia do Amuleto" pelo site da Editora Baraúna... www.editorabarauna.com.br

8 comentários:

Solange Maia disse...

Meninas,
Toda vez que entro nos blogs de vocês aparece um daqueles pop-ups de erro... e eu quase choro, pq amo vir aqui !!!
Será que é só comigo ?
Mas enfim, sou fã de carteirinha e vou insistir sempre, viu ?

Obrigada pelas visitas ao :

http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

Fico muito felizzzzzzzzz !!!!

Beijocas carinhosas,

Solange

Cristina e Márcia disse...

Solange,seu comentário foi enviado com perfeição!!! Acho que o problema sumiu,né?
Bjos Cristina

Márcia Figueiredo disse...

Oi Solange, que bom que você insiste. eu vou tentar descobrir o que se passa por aqui... Beijos pra vc e suas lindas sardinhas!!!!!!
Márcia

Pri disse...

Minhas lindas deixei varios selinhos pra vocês no blog beijoss

Márcia Figueiredo disse...

Vamos lá buscar!!!!!!
beijos pra vc!!!

Anônimo disse...

Eu posto!!!!!!!!!!!!!!

Raíssa Nantes disse...

Meninas..essa parte do livro me fez chorar bicas... ai que decisao dificil a dela.. e ele nao compreende...buaaaaaa!!!!!!!!! um amor tão lindo e proibido...buaaa...um capitão lindo e ela deixando escapar!!!!...buass...mas dá pra entender ela...

Parabens pelo LIVRO é lindo e eu vou guardar de coraçao. com muito carinho...

BJAO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado

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